Tudo sobre a vida e a obra de Di Cavalcanti

O brasil é conhecido por sua energia marcante, vibrante e colorida. E quais palavras melhores para descrever as obras do grande Di Cavalcanti? Um artista tão orgulhoso de suas origens, que transmitia isso na sua arte, e que chegou a ser eleito o melhor pintor do Brasil na década de 1950.

Faz parte do grupo de ícones do modernismo no brasileiro, foi desenhista, pintor, cartunista, jornalista, poeta, escritor, ilustrador, muralista, caricaturista, cenógrafo, poeta e como se não bastasse, doutor honorário pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Sem contar sua fundamental participação em um dos mais históricos movimentos artísticos do Brasil: a Semana de Arte Moderna de 1922. Entrando para a história ao lado de outros grandes nomes da arte brasileira.

Nascimento:6 de setembro de 1897
Morte:26 de outubro de 1976
Nacionalidade:Brasileiro
Relacionamentos:Noêmia Mourão; Beryl Tucker Gilman; Ivette Bahia Rocha
Principais obras:Mulatas (1928) \ Carnaval de Subúrbio (1962) \ Pinturas da Via-Sacra na Catedral de Brasília

Quem foi Di Cavalcanti?

Seu nome completo era Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque Melo, e nasceu em 6 de setembro de 1897, na cidade do Rio de Janeiro.

Descendente da tradicional família pernambucana Cavalcanti Albuquerque, Di Carvalho era filho de Frederico Augusto Cavalcanti de Albuquerque Melo e de Rosalia de Sena, cunhada do grande abolicionista negro José do Patrocínio

Foto em preto e branco do pintor Di Cavalcanti

O começo da carreira

Estudou no Colégio Pio Americano e teve como professora de piano, Judith Levy. Em 1908, aos 11 anos começou a ter aulas com o pintor já conhecido Gaspar Puga Garcia.

Fez sua primeira publicação com apenas 13 anos na revista “Fon-Fon”, em 1910. Quatro anos depois (1914), foi contratado por esta mesma revista para fazer ilustrações, agora já com 17 anos.

Entrou para a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco com 19 anos, faculdade esta, que já era uma das mais tradicionais do Brasil na época.

Foi nessa época que conheceu os irmãos Oswald e Mário de Andrade em um ateliê que pertencia ao impressionista George Fischer Elpons.

Em 1917, na cidade de São Paulo, Di Cavalcanti fez sua primeira exposição individual como artista, na redação de “A Cigarra”.

Já se arriscando como artista profissional, fez sua primeira exposição individual no ano de 1917, na cidade de São Paulo.

Trabalhou, também como ilustrador, no livro “Carnaval”, do escritor Manuel Bandeira, em 1919. Ilustrou também a obra “A Balada do Enforcado”, do escritor Oscar Wilde, em 1921,.

Cavalcante se casou com a pintora, cenógrafa e desenhista de Bragança Paulista, Noemia Mourão. Ficaram casados por 17 anos (1933 – 1950).

Veja também: Helio Oiticica: Quem foi, história, nascimento e mais.

A semana de 22

Em 1922, ao lado de nomes como seus amigos Oswald de Andrade e Mário de Andrade, Tarcila do Amaral, Anita Malfatti e Menotti del Picchia, foi um dos idealizadores da Semana de Arte moderna.

É importante lembrar aqui da importância que a Semana de Arte Moderna teve para a arte brasileira.

Cartaz do último dia de apresentações da semana de arte moderna de 1922

Até então, o conceito de arte era completamente diferente, todo voltado para regras que promoviam a “perfeição”. Existia um padrão de arte, assim como pessoas que ditavam o que era ou não considerado arte.

Após a pesada crítica negativa feita por Monteiro Lobato à exposição individual de Anita Malfatti em um jornal chamado O Estado de São Paulo, que estragou completamente a imagem de sua exposição e causou rejeição por parte do público e outros críticos, humilhando-a como artista, uma inquietação teve início.

Inquietação essa, vinda da parte de outros artistas que não aceitaram bem as críticas e boicotes que sua colega de profissão vinha sofrendo.

Isso os fez idealizar e trabalhar duro para promover cinco dias de exposição de arte no grande e conceituado Teatro Municipal de São Paulo. Evento que entrou para a história como “Semana de Arte Moderna”, que conhecemos hoje como “a semana de 22”.

O intuito era criar uma ruptura dos padrões de arte que aprisionavam a expressão da criatividade artística, liberdade de expressão, descoberta de novas técnicas, novos materiais, descoberta de novos estilos, críticas aos padrões aprisionadores, autonomia criativa etc.

E contou com diversos jovens artistas que expuseram seus diversos tipos de arte.

Apesar de ter “semana” no título, o intuito era que as exposições durassem 5 dias. No entanto durou apenas 3, devido as grandes confusões que ocorreram dentro e fora do teatro.

O objetivo de chocar o público deu certo, ouso dizer, que até demais.

Ao se depararem com um conceito de arte ao qual não estavam acostumados, ou nunca tinham tido contato, o público e a crítica entraram em um certo estado choque, e suas reações foram as mais variadas possível.

Hoje sabemos que evento entrou para a história como um divisor de águas na arte brasileira. Está presente nos livros didáticos, biografias, sendo tema de debates e conversas, e influencia até hoje a subjetividade da arte no Brasil.

Di Cavalcanti não perdeu a oportunidade e expos obras, como os quadros Pierrete, Amigos (Boêmios) e outros nove trabalhos.

Os anos seguintes

 No ano seguinte, se mudou para Paris, onde viveu até 1925. Nesse tempo, expos suas obras, não só em Paris, como também em Bruxelas, Berlim, Londres e Amsterdã, além de ser correspondente do jornal Correio da Manhã.

Em suas viagens pela Europa, teve a chance de ter contato com grandes nomes da pintura da época, como Georges Braque. Chegou até a conhecer Pablo Picasso na Academia Ranson, de Paris.

Nessa época, seu estilo de arte sofreu influência do cubismo, devido as experiências vividas lá.

Em 1926, ao retornar para o Brasil, Di Cavalcanti trabalhou novamente como ilustrador de um livro, mas desta vez, para o escritor e amigo Mário de Andrade, na obra “Losango Cáqui”.

Nesse tempo, também atuou como jornalista no “Diário da Noite”.

Suas obras, nesse período passaram a incorporar, não só as vanguardas, como elementos brasileiros, como samba, as favelas e outros elementos da nossa cultura.

Foto em preto e branco de Di Cvalcanti sentado ao lado de uma de suas obras

Nessa época, seus quadros passaram a ter como destaque, não só a presença de elementos da cultura brasileira, mas, também uma forte representação da mulher, especialmente mulheres negras.

Política, prisões e exílio

Filiou-se ao Partido Comunista (PCB) EM 1928. No ano seguinte, em 1929, Cavalcanti expos deus novos quadros que mostravam seu novo estilo de traço e cores influenciados pelo cubismo e barroco, no Rio de Janeiro, no Teatro João Caetano.

Em 1932 Se tornou o membro fundado do Clube dos Artistas Modernos em 1932, ao lado de Carlos Prado, Antônio Gomide e Flávio de Carvalho.

O grupo independente se reunia para debater e propor novas e livres experiências artísticas, além de conversarem sobre outros temas, como política e das artes no geral.

Naquele mesmo ano foi preso no meio de boatos de ameaça de uma Revolução Comunista, sob acusação de ser um apoiador de Getúlio Vargas. Em 1935, foi preso novamente, dessa vez por associação comunista de fato.

Refugiou-se em Paris em 1936, por perseguição política, e lá se manteve refugiado até 1939, quando teve início a Segunda Guerra Mundial. Mas usou esse tempo para viajar por alguns países da América do Sul expondo sua arte.

Foto em preto e branco de Roberto Rossellini, Djanira e Di Cavalcanti em uma exposição de telas

Anos de glória

Já em 1946, atuou nas ilustrações de livros de grandes escritores, como Vinícius de Morais, Jorge Amado e Álvares de Azevedo, provando mais uma vez seu talento e sua marca como grande ilustrador.

Os anos que se seguiram, pode-se dizer que foram anos de glória para Di Cavalcante. Em 1949, fez uma grande exposição na Cidade do México, e outra em 1951 na Primeira Bienal Internacional de São Paulo.

Foto do painel de mosaico feito por Di Cavalcanti, na fachada do Teatro Cultura Artística, em São Paulo
Arte Fora do Museu, CC POR 2,0, via Wikimedia Commons

Na Segunda Bienal de São Paulo, em 1953, recebeu o título de melhor pintor do Brasil.

Uma exposição das obras de arte dele, foi organizada pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1954, como uma homenagem.

Em 1955, ele publicou um livro de memórias clamado “Viagem de minha vida”. No ano seguinte, participou da Bienal de Veneza e foi premiado na “Mostra de Arte Sacra” de Trieste, ali mesmo, na Itália.

Recebeu dois grandes presentes nos anos 60:

Na Bienal internacional do México, teve uma sala exclusiva para suas obras, que foram expostas em 1960, além de ganhar uma medalha de ouro no evento. Além disso, foram devolvidos trabalhos seus que tinham extraviados no início dos anos 40. Os trabalhos devolvidos ficaram guardados na embaixada brasileira do México.

O Museu de Arte moderna de São Paulo fez também uma exposição em modelo retrospectivo em 1976, como forma de homenagear seus anos de trabalho e sua importância para a arte.

A causa de seu falecimento se deu por decorrência de uma hepatite mal curada.

Cavalcante se foi em 6 de outubro de 1976, em sua cidade natal, Rio de Janeiro.

Dúvidas mais comuns sobre o pintor:

1. Quem foi Di Cavalcanti?

Di Cavalcanti foi um pintor e desenhista brasileiro, nascido em 1889. Cavalcanti se formou na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, onde estudou sob a orientação do pintor francês Albert Gleizes. Em 1912, ele participou da primeira exposição do Grupo Dos Amigos do Arte Moderna, que marcou o início da Semana de Arte Moderna de 1922. Cavalcanti também esteve envolvido com o movimento modernista no Brasil e foi um dos primeiros artistas a experimentar com a técnica do papel machê.

2. Qual foi a importância de Di Cavalcanti na história da arte brasileira?

Cavalcanti é considerado um dos principais representantes do movimento modernista no Brasil. Suas obras foram influenciadas pelo cubismo e pela pop art, e retratavam cenas da vida cotidiana brasileira. Cavalcanti também foi um dos primeiros artistas a experimentar com a técnica do papel machê, o que lhe rendeu muitos elogios da crítica.

3. Qual foi o estilo de Di Cavalcanti?

O estilo de Cavalcanti foi fortemente influenciado pelo cubismo e pela pop art. Suas obras retratavam cenas da vida cotidiana brasileira, como festas populares, dançarinas e músicos de rua. Algumas das suas obras mais famosas são as séries “Circo” (1938-1939) e “Retratos” (1940-1941).

4. Onde podemos ver as obras de Di Cavalcanti?

As obras de Cavalcanti estão espalhadas por diversos museus e galerias no Brasil e no exterior. No Brasil, algumas das principais instituições que possuem suas obras são o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e o Museu de Arte Moderna da Bahia.

5. Qual foi o tema principal das obras de Di Cavalcanti?

O tema principal das obras de Cavalcanti era a vida cotidiana brasileira, retratada em cenas festivas, como bailes populares, ou em momentos mais tranquilos, como mulheres conversando nas janelas das casas.

6. De onde veio a inspiração para as obras de Di Cavalcanti?

A inspiração para as obras de Cavalcanti veio principalmente da vida cotidiana que ele presenciava nas ruas do Rio de Janeiro, onde morava. Ele também se inspirava nas cores vibrantes e nos ritmos característicos da cultura popular brasileira.

7. Como eram as cores utilizadas nas obras de Di Cavalcanti?

As cores utilizadas nas obras de Cavalcanti eram vibrantes e contrastantes, o que refletia a energia da vida nas ruas do Rio de Janeiro. As cores também eram utilizadas para expressar os sentimentos das personagens retratadas nas telas.

8. Quais foram os principais motivos abordados nas obras de Di Cavalcanti?

Os principais motivos abordados nas obras de Cavalcanti eram a vida cotidiana brasileira e a cultura popular. Ele retratava cenários urbanos animados, como festas populares, dançarinas e músicos tocando na rua, além de mulheres conversando nas janelas das casa.

Curiosidades sobre Di Cavalcanti

  1. Di Cavalcanti nasceu em 1897, na cidade do Rio de Janeiro.
  2. Aos dezessete anos, ele já se considerava um pintor e começou sua carreira trabalhando como ilustrador para jornais.
  3. Em 1918, participou da Semana de Arte Moderna, evento que ficou marcado pela renúncia às convenções acadêmicas e a defesa da arte moderna brasileira.
  4. Sua obra é influenciada pelo expressionismo alemão e pelo cubismo, mas mantém uma identidade própria, marcada pelo uso de cores vibrantes e formas geométricas simplificadas.
  5. Além de pintor, Di Cavalcanti também foi escritor e poeta, tendo publicado diversos livros durante sua vida.
  6. Em 1934, viajou para a Europa e conheceu alguns dos maiores artistas da época, como Pablo Picasso e Salvador Dalí.
  7. Após sua volta ao Brasil, passou a se interessar pelas manifestações culturais populares, como o samba e o carnaval.
  8. Sua obra reflete esse novo interesse, apresentando cenas de rua e personagens populares em um estilo mais naturalista.
  9. Morreu em 1964, vítima de um infarto, aos 67 anos.
  10. Seu legado permanece vivo até hoje e suas obras fazem parte de importantes coleções particulares e museus do Brasil e do mundo.

Outras curiosidades:

  • Obras em Brasília: É sua autoria as belas pinturas da Via-Sacra na Catedral de Brasília e uma tapeçaria do Palácio da Alvorada.
  • Críticas à arte abstrata: Criticou abertamente o conceito de arte abstrata que naquela época estava ganhando cada vez mais força e destaque no cenário internacional.
  • Doação: Em 1951, doou mais de 500 desenhos ao Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, ao participar da Primeira Bienal.
  • Beryl Tucker Gilman: Em meados de 1951, Di Cavalcante passou a ter Beryl Tucker Gilman como sua companheira, mas não chegaram a se casar formalmente. Ele ainda adotou Elizabeth, filha de Beryl, como sua filha.
  • Ditadura militar brasileira: Cavalcante vivia em Paris com sua nova companheira Ivette Bahia Rocha, ou Divina, como era conhecida, na época do golpe militar de 1964 no Brasil. O então presidente da época, João Goulart, tinha o indicado como uma espécie de diplomata da área da cultura, lá mesmo, mas devido o golpe, foi impedido de assumir o cargo.
  • Documentário barrado: Seu velório, no M.A.M., foi filmado e lançado um ano depois, pelo cineasta Glauber Rocha, em forma de documentário. No entanto, no mesmo dia de lançamento, a exibição do filme foi impedida pela justiça, graças a um mandado de segurança de sua filha adotiva Elizabeth.

E aí, o que achou do artigo? Já conhecia alguma das curiosidades sobre Di Cavalcanti?

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