Pintor, fotógrafo, gravurista, artista gráfico e desenhista industrial, Geraldo de Barros foi um dos responsáveis pela fotografia deixar de ser apenas uma captura de uma imagem e passar a ser uma arte, aqui no Brasil.
Suas fotografias quebravam completamente o conceito com o qual todos estavam acostumados, pois ele não estava preocupado em capturar a essência dos objetos e nem a realidade de uma paisagem. Sua proposta era a de uma expressão artística.
Estava mais interessado em criar problemas e causar reflexões. Deixando de lado aquele formato padrão de fotografia, ele não se preocupava em mexer na imagem depois de pronta.
Cortar e modificar negativos, fazer sobreposições, desenhos por cima. Tudo era possível em seus trabalhos, e isso o fez o pioneiro da fotografia abstrata no Brasil.
Uma característica original, específica e atual do seu trabalho, desde a arte concreta à fotografia abstrata e designe de móveis, são hoje reconhecidas mundialmente.
Nascimento: | 27 de fevereiro de 1923 |
Morte: | 17 de abril de 1998 |
Nacionalidade: | Brasileiro |
Principais obras: | Fotoformas \ Unilabor\ Sobras |
Conteúdo deste artigo:
Sobre Geraldo de Barros
Nascido em 1923 em Chaves, cidade de São Paulo, Geraldo de Barros, começou sua carreira aos 22 anos, se dedicando como pintor de paisagens, mas seu reconhecimento profissional maior veio através da fotografia artística. Mais precisamente a fotografia experimental.
Geraldo de Barros é tido por muitos especialistas, como o pioneiro da arte abstrata aqui no Brasil. Foi um dos grandes nomes da arte no período pós modernista, quando a arte abstrata foi tomando mais espaço es se tornando um conceito um pouco mais conhecido entre as massas.
Sua atuação na fotografia abstrata foi mais enfática entre os anos de 1947 e 1951. A sua série “Fotoformas” foi responsável por renovar a criação fotográfica no Brasil, mas ela não ficou só aqui, viajou o mundo e é exibida e tida como referência por artistas internacionais até hoje.
Mas não era só o ramo da fotografia que Geraldo dominava e atuava, já que seus interesses e aptidões iam de desenho a artes gráficas, pintura, foi gravador e chegou a ser até a designer de móveis, entre meados dos anos 50 a anos 80.
Sua obra
A arte abstrata não se dispõe a responder questões ou transmitir uma mensagem clara. Pelo contrário. Ela provoca questionamentos ao mesmo tempo que transmite subjetividade, mas sem deixar de lado a importância de seu papel crítico-social.
E era exatamente isso que a arte de Geraldo de Barros explorava e transmitia. Por isso ele foi muito importante também no cenário do movimento concretista.
Pois seu trabalho era baseado na desconstrução, além de ter sempre relação com questões sociais e urbanas. Todos os seus trabalhos têm ligação com as principais questões sociais das épocas em que eram lançados.
Na pintura
Geraldo de barros começou seus trabalhos com pintura por volta de 1946, tendo como seus mestres de pintura e deseho, Clóvis Graciano, Colette Pujol e YoshiyaTakaoka como seus mestres em sus ateliês
Em 1951, foi estudar em Paris com o propósito de aprimoramento e explorou suas gravuras seguindo as influências do grande pintor, poeta e desenhista suíço, Paul Klee.
Ao retornar para o Brasil em 1952, Geraldo foi cofundador do Grupo Ruptura, sendo o primeiro grupo do movimento concretista do Brasil, sendo o marco introdutório da arte concreta aqui. Hoje a maioria de suas obras desse período está em posse do grande acervo brasileiro.
Nos anos de 1960, Geraldo de barros voltou a fazer pinturas usando outdoors e elementos publicitário para grandes obras de arte pop, após passar alguns anos se dedicando ao desenho industrial.
Diferente de como foi praticada nos Estados Unidos, a arte pop do Brasil se afirmou por meio do compromisso político e social.
Além da homenagem à arte concreta na Bienal de São Paulo de 1979, Geraldo revisitou suas primeiras pinturas concretas, que eram baseadas sobretudo em formas geométricas. Seus novos trabalhos eram feitos de fórmica, como os móveis que projetou para “Hobjeto”.
Geraldo de Barros representou o Brasil com esta série na Bienal de Veneza em 1986, com sua série de pinturas em fórmica chamada “Jogos de Dados”.
Fotoforma
“Fotoformas” é um livro de fotografias que Geraldo de Barros produziu no fim dos anos de 1940 e lançou em 1951. As fotografias exploram luzes e sombras em um espaço bidimensional baseados em um conceito geométrico combinado com profundidade de espaço.
A profundidade de campo se apresenta como uma metáfora do mundo real: vulnerável e possivelmente compreensível. Isso porque ele não usa a geometrização apenas descrevendo, mas, principalmente, revelando o espaço.
Ao observar os trabalhos de Fotoforma, percebemos que a intenção é provocar em quem analisa, uma sensação de vertigem, como se fosse uma imersão em espelhos, induzindo o questionamento.
A vertigem é causada pela impressão de que, na imagem, está tudo girando em torno de si próprio, causando uma confusão de realidade na imagem a qual o espectador analisa. Ou até mesmo de que tudo gira ao redor de quem observa.
A exposição aconteceu em 1951 no Museu de Arte Moderna de São Paulo. O caráter único das fotografias apresentadas na exposição, fez com que Geraldo de Barros recebesse um bolsa do governo francês, que lhe deu a oportunidade de permanecer por um ano na Europa.
Esta obra tão complexamente bela e questionadora, deu ao artista Geraldo de Barros, seu “título” de pioneiro da fotografia abstrata no Brasil e é estuda por fotógrafos e aspirante de várias partes do mundo.
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Unilabor
Em 1954, em conjunto com um padre dominicano chamado João Batista Pereira dos Santos, Geraldo de Barros fundou uma pequena fábrica comunitária em um antigo galpão, chamada Unilabor.
Esta pequena fábrica seguiria o modelo de trabalho comunitário. O intuito era produzir móveis com preços acessíveis à população sem deixar de lado o conforto e funcionalidade.
Ele projetou os móveis com base em suas referências construtivas relacionadas à arte concreta.
De 1954 a 1964, a Unilabor foi uma das marcas de maior referência em designe de móveis em São Paulo. Sua proposta social é bem conhecida.
A Unilabor não foi inovadora apenas pelo designe criado por Geraldo de Barros, mas também pela gestão cooperativa em que todos os trabalhadores compartilhavam suas decisões e benefícios.
A Unelabor teve seu fim em 1964, com o golpe militar no Brasil. No mesmo ano Geraldo de barros criou a Hobjeto.
Hobjeto
Em conjunto com um dos marceneiros da Unilabor, Antônio Bioni, em 1964 Geraldo de Barros fundou sua nova empresa de móveis, a Hobjeto.
Diferente da Unilabor, a Hobjeto era um projeto mais capitalista e com produção em maior escala, mas ainda mantinha suas características construtivas de designe.
Até se aposentar depois de uma isquemia cerebral que o paralisou parcialmente, em 1989, Geraldo de Barros fez os projetos de inúmeras linhas de móveis nesse estilo industrial.
Ele até construiu uma oficina pessoal para projetar e criar as peças de sua última de pinturas em fórmica. Os móveis e as pinturas foram criados fazendo uso das mesmas técnicas.
Sobras
Durante alguns anos, Geraldo de Barros abandonou a fotografia e se dedicou a outros tipos de arte e ao designe.
Em 1996, já tendo sofrido várias isquemias cerebrais que comprometeram totalmente suas funções motoras, as debilitando completamente, ele retornou ao trabalho fotográfico com a ajuda da sua então assistente, a fotógrafa Ana Moraes, para realizar sua última produção: Sombras
Exibido em meados de 1998, no Ludwig Museum, em Köln / Alemanha, a série de fotografias consistia em colagens de negativos em placas de vidro. Para isso ele aproveitou alguns de seus negativos antigos da década de 50 e imagens de família.
Geraldo de Barros morreu alguns anos antes da exposição de Sombras, aos 75 anos, em São Paulo.
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Grupo dos quais foi membro e\ou fundador
Grupo 15 (1947)
Composto por 15 pintores, onde a maioria era de origem japonesa, o Grupo 15 era um ateliê localizado no centro de São Paulo, onde Geraldo de Barros pôde construir um laboratório fotográfico.
Foto Cine Clube Bandeirante(1949)
É um dos mais importantes e antigos clubes de fotografia do Brasil e tem reconhecimento até no exterior. Lá fez amizade com os fotógrafos Thomaz Farkas, José Yalenti e Garman Locar.
Ruptura (1952)
O Ruptura foi um grupo de arte concreta. O movimento visava a inserir a pintura e a arte no contexto de modernização que o Brasil vivia.
Rex (1966)
O Grupo Rex reuniu, além do próprio Geraldo, os artistas interessados nas ideias dos movimentos dadaísmo, arte pop e arte happenings: José Resende (escultor), Carlos Fajardo (artista plástico), Nelson Leirner (artista intermídia) e Frederico Nasser (pintor).
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