Vida e Obra do artista Iberê Camargo: Quem foi e mais!

A lista de grandes artistas que nasceram e viveram em solo brasileiro nos anos XX é realmente muito extensa. Nessa época, com movimentos como o da arte moderna, concretista, abstrata, arte pop etc., vários artistas tiveram incentivo e apoio em seus para seguir carreira.

Exemplo disso é o artista Iberê Camargo, que teve sua obra reconhecida nacional e internacionalmente, e ficou conhecido por ter uma personalidade e sensibilidade artística única.

Além, também, de ter tido como mentores grandes artistas da época, como Alberto da Veiga Guignard, Giorgio de Chirico, Carlos Alberto Petrucci, além de ter sido amigo de ninguém menos que Candido Portinari.

Conheça aqui hoje no Arte DiY, um pouco da vida e obra desse ilustre e premiado artista brasileiro, professor de artes plásticas que foi pintor, escritor, gravurista e desenhista.

Nascimento:18 de novembro de 1914
Morte:9 de agosto de 1994
Nacionalidade:Brasileiro
Esposa:Maria Coussirat Camargo
Principais obras:Carretéis \ As idiotas \ Ciclistas

Principais obras de Iberê Camargo:

  • Dentro do mato (1942): localizado no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
  • Riacho (1942): localizado no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador.
  • Retrato de Maria (1943): localizado na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.
  • Retrato de Werner Amacher (1943): localizado na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.
  • Minha mãe (1941): localizado no Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre.
  • Autorretrato (1943): localizado no Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre.
  • Rua Smith de Vasconcelos (1946): Localizada na coleção particular do Dr. George Gershman, nos Estados Unidos.
  • Paisagem (1953): Localizada na coleção particular da família Jatobá, no Rio de Janeiro.
  • Estrutura (1961): Localizada na coleção particular da família Gouvêa Franco, no Rio de Janeiro.
  • Dentro do mato (1942): Localizada na Galeria Vermelho, em São Paulo.
  • Paisagem de Santa Tereza (1956): Localização atual desconhecida.
  • Natureza-morta (1956): Localização atual desconhecida
  • Poços de Caldas (1956):Localização atual desconhecida
  • Garrafas( 1957) :Localização atual desconhecida
  • Mesa Azul com Carretéis( 1959) :Localização atual desconhecida
  • Formação de Carretéis( 1960) :localizaçao atual desconhecida
  • Desastre 2( 1987) :localizaçao atual desconhecida
Foto de  um texto intitulado "Iberê Camargo: As horas [o tempo como motivo], exposto em uma das paredes do Instituto Iberê Camargo
Paulo RS Menezes, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

Biografia da Iberê Camargo

Nascido na cidade de Restinga Seca, no Rio Grande do Sul em 18 de novembro de 1914, o gaúcho Iberê Bassani Camargo começou a estudar artes ainda no seu estado de origem, quando aos 18 anos, saiu da casa de seus pais com o plano de estudar artes plásticas.

Se mudou para a cidade Santa Maria e ingressou na Escola de Artes e Ofícios da Cooperativa Férrea, no ano de 1928, onde estudou pintura com Salvador Parlagreco e Frederico Lobe.

Seu ingresso nessa escola foi possível graças ao emprego que conseguiu na cooperativa férrea.

Isso até se mudar para a capital Porto Alegre, após receber uma bolsa do governo do Rio Grande do Sul, para estudar técnica em arquitetura, dos anos 1936 a 1939, no Instituto de Belas Artes de Porto Alegre.

Isso não impediu que ele estudasse pintura de maneira autodidata.

Nesse período, ele teve uma breve, mas fundamental orientação por parte de João Fahrion.

Ainda no Instituto de Belas Artes de Porto Alegre, conheceu uma estudante chamada Maria Coussirat. Se casou com ela em 1939, e com ela permaneceu casado até o dia de sua morte.

Seu tempo lá não durou muito, pois se sentia extremamente frustrado com o modelo acadêmico. Após abandonar o instituto, foi recomendado por Candido Portinari para participar de um curso livre de arte de Alberto da Veiga Guignard.

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Trilhando sua carreira

Em 1940, quando começou a se interessar um pouco mais pela pintura, começou a fazer telas de paisagens e de pessoas que via passando nas ruas. Seus quadros dessa época têm um traço bem marcante de pinceladas mais fortes.

Foto do quadro Dentro do Mato, de Iberê Camargo. O quadro retrata uma paisagem verde com pinceladas desformes
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Em 1942, ele e sua esposa se mudaram para o Rio de Janeiro. No mesmo ano, entrou para a Escola Nacional de Belas artes e, também no mesmo ano, apresentou sua primeira exposição.

Com o prêmio que Iberê recebeu, graças a sua obra intitulada Lapa, de 1947, ele e sua esposa e Maria, viajaram para Europa em 1948, com o propósito de estudar e buscar o aprimoramento de suas técnicas artísticas.

Viveu lá por cerca de dois anos, dividindo esse tempo entre Paris e Roma.

Em Roma, visitou diversos museus, teve como professores alguns artistas já consolidados, como Giorgio de Chirico, com quem estudou pintura, Leoni Augusto Rosa que lhe ensinou sobre materiais e Carlo Alberto Petrucci que lhe deu aulas de gravura.

Iberê Camargo frequentou em Paris, além de museus, as aulas da academia de André Lhote, por quem atraía-se não só pela fama de bom professor, mas, também por ser fã de sua obra.

Após voltar ao Brasil em 1950, Iberê se tornou membro da Comissão nacional de Artes Plásticas, em 1952. Após isso, no ano seguinte, fundou no Instituto Municipal de Belas Artes do Rio de Janeiro, um curso de gravura.

Hoje é conhecido como Escola de Artes Visuais do Parque Lage.

Visão interna do pátio da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. A foto mostra uma grande construção em cores claras e um espelho d'água verde.
Gerlan de Alvarenga Cidade, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

Em 1954, Iberê participou da organização do Salão Preto e Branco, junto a Djanira e Milton Dacosta. Em 1955, também com Milto e Djanira, participou da organização do Salão Miniatura.

Ambos foram realizados como uma forma de protesto contra as taxas muito altas de importação de material artístico no Brasil. Causa essa que Iberê defendeu por toda sua vida, pois dizia que isso dificultava o trabalho de todos os artistas.

Vale ressaltar, que assim como as obras de vários outros artistas, a obra de Iberê Camargo sempre refletiu as situações sociais e políticas das épocas em que eram criadas.

Os anos 50 foi uma década de muita produtividade em sua vida.

Além do envolvimento nos protestos citados acima, Iberê participou de várias exposições de arte internacionais como a Bienal de Arte Hispo-Americana, em Madri, Bienal de Gravuras, em Tóqui, Bienal de Veneza e muitas outras.

Além de conquistar uma grande quantidade de prêmios.

Mas a década não foi marcada só de coisas boas, pois no fim dos anos 50, após o descobrimento de uma hérnia de disco que o obrigava a pintar sempre sentado, Iberê Camargo passou a produzir suas pinturas apenas no interior do seu ateliê.

Técnicas e temas com que teve contato nessa época, o levaram, anos mais tarde, ao estilo abstrato que permaneceu em seus trabalhos até sua fase final.

Entre 1960 e 1965, Iberê promoveu em duas temporadas, no Teatro São Pedro, em Porto Allegre, um curso livre de pintura.

Recebeu em 1961, o título de melhor pintor brasileiro.

Em 1966, o Brasil ofereceu à OMS (Organização Mundial de Saúde), em Genebra, um painel de 49 metros quadrados, produzido pelo próprio Iberê.

A partir do ano de 1970, começou a trabalhar como professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele relatou que nessa época sentiu um grande prazer em lecionar.

Ele recebeu em 1986, o título honoris causa de Universidade Federal de Santa Maria (UFSA) de doutor.

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Um assassinato

Aos 66 anos, morando novamente com sua família no Rio de Janeiro, o ano de 1980 entrou de forma negativa para sua memória, após matar a tiros um homem, na cidade de Sorocaba, no dia 5 de dezembro, durante uma briga de rua.

O homem se chamava Sérgio Alexandre Esteves Real, tinha 32 anos e era engenheiro.

Iberê Camargo foi preso em flagrante e permaneceu detido no Batalhão de Choque da Polícia Militar durante 28 dias. Foi julgado dois no dia 2 de junho de 1982 e absolvido. Ele alegava que atirou em legítima defesa.

Após o ocorrido, sua vida e sua arte nunca mais foram as mesmas. Ele se mudou novamente para Porto Alegre, e suas obras a seguir tomaram um tom muito mais sombrio.

As paletas usadas agora eram escuras, suas telas eram melancólicas e tristes, por vezes, quase mórbidas.

Suas principais séries foram produzidas nessa época. Uma delas, Ciclistas, mostra figuras humanas escuras, despidas magricelas, de olhares vazios e sem expressão, que parecem pedalar no vazio sem direção alguma, em ambientes tristes, escuros e sem vida.

As Idiotas, outra série dessa época, também apresenta as figuras humanas sem expressão, pintadas com fundos escuros e disformes, assim como o conjunto de obras que chamou de “Tudo te é falso e inútil”, de 1992.

A sensação passada é de que até os títulos carregavam um certo peso.

O quadro Auto-Retrato de 1983, pode dar uma boa noção disso, também.

Iberê Bassani Carvalho faleceu aos 79 anos, em 1994, na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Principais Dúvidas:

Quem foi Iberê Camargo?

Iberê Camargo foi um pintor brasileiro, nascido em Porto Alegre em 1914. Aos 21 anos, ele se mudou para o Rio de Janeiro para estudar pintura na Escola Nacional de Belas Artes. Em 1936, ele começou a trabalhar como artista publicitário, e foi nessa época que ele começou a se interessar pela pintura abstrata. Em 1940, ele voltou para Porto Alegre e montou um ateliê, onde começou a produzir suas primeiras pinturas. Em 1945, ele se mudou para São Paulo, onde abriu um novo ateliê e começou a participar de exposições.

Qual foi o estilo de Iberê Camargo?

Iberê Camargo foi um pintor brasileiro que produziu pinturas abstratas. Suas pinturas são caracterizadas pelo uso de cores vivas e formas geométricas simples.

Qual foi a importância de Iberê Camargo para a arte brasileira?

Iberê Camargo foi um dos primeiros pintores brasileiros a se interessar pela pintura abstrata. Suas pinturas foram importantes para o desenvolvimento da arte abstrata no Brasil.

Onde posso ver as pinturas de Iberê Camargo?

Algumas das pinturas de Iberê Camargo podem ser vistas no Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e no Museu Nacional de Belas Artes.

Quais são algumas das principais obras de Iberê Camargo?

Algumas das principais obras de Iberê Camargo incluem “Auto-retrato”, “A Cidade”, “Bode” e “Cães”.

Curiosidades:

  1. Iberê nasceu em Piracicaba, no interior de São Paulo, em 1914.
  2. Aos seis anos de idade, Iberê já sabia ler e escrever.
  3. Aos sete anos, Iberê ganhou um violão e começou a aprender a tocar música.
  4. Aos 12 anos, Iberê pintou o retrato do presidente da República, Epitácio Pessoa.
  5. Aos 13 anos, Iberê foi morar com os avós em Maceió, onde estudou no Colégio Salesiano.
  6. Em Maceió, Iberê conheceu o pintor Cândido Portinari, que o incentivou a seguir carreira artística.
  7. Aos 18 anos, Iberê voltou para São Paulo e estudou na Escola de Belas Artes.
  8. Em 1935, Iberê participou da Exposição Nacional de Belas Artes, onde obteve o primeiro lugar com o quadro “Piracema”.
  9. Em 1937, Iberê foi para Paris, onde estudou na École des Beaux-Arts.
  10. Iberê Camargo faleceu em 1994, aos 80 anos de idade, devido a um câncer no pulmão.

Fundação Iberê Camargo

A viúva de Iberê, Maria Coussirat Camargo, com quem ficou com todo o acervo artístico dele, criou no ano seguinte à sua morte, a Fundação Iberê Camargo, com o intuito de preservar, estudar e divulgar a arte de seu marido.

Inicialmente a cede da Fundação foi a antiga casa do casal, mas, em 1966, o governo do Rio Grande do Sul fez a doação de um grande terreno de 8250m² às margens do Lago Guaíba, onde encontra-se até hoje e pode ser visitado.

Foto Da fachada da Fundação Iberê Camargo. A foto mostra um prédio branco com dois carros e um ciclista passando na pista em frente e árvores atrás
Usuário: (WT-shared) Rmx at wts wikivoyage, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons

O arquiteto responsável pelo projeto foi o português Álvaro Siza Vieira, já famoso por outras obras que projetou em países europeus, sendo este seu primeiro trabalho no Brasil.  

Trabalho esse que lhe rendeu em 2002, um prêmio na Oitava Bienal de Arquitetura de Veneza: Troféu Leão de Outro. Até então, este troféu nunca havia sido vencido por um projeto construído na América do Sul.

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E aí, o que achou do artigo? Já tinha ouvido falar sobre Iberê?

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