Helio Oiticica: Quem foi, história, nascimento e mais.

Helio Oiticica (1937-1980) foi um artista brasileiro conhecido por suas obras de arte conceituais e contra-culturais. Seu trabalho explorava a experiência do espectador com a obra de arte, através da interação física e mental. Algumas de suas principais obras incluem as “Cocinas”, “Parangolés” e “Tenda”.

O Pintor também foi um importante teórico da arte, escrevendo vários ensaios sobre o tema. Sua principal contribuição à teoria da arte é a noção de “Experiência sensorial”.

Esta noção é baseada na ideia de que as obras de arte não são apenas objetos para serem observados, mas também experiências para serem vividas.

Ele acreditava que as pessoas podiam usar suas obras de arte para expandir sua consciência e criar novas formas de percepção. Sua abordagem inovadora às artes visuais fez dele um dos artistas mais importantes da América Latina do século XX.

Helio Oiticica
Nascimento: 26 de julho de 1937, Rio de Janeiro, Brasil
Morte: 7 de março de 1980, Rio de Janeiro, Brasil
Nacionalidade: Brasileiro

Infância e educação

Helio Oiticica nasceu em 1937 no Rio de Janeiro, Brasil. Ele era filho do arquiteto Eurico Rodrigues Oiticica Filho e da bailarina Hilda Marsicano Dias Lira.

Desde cedo, Helio demonstrou um interesse nas artes visuais. Aos 9 anos, ele começou a estudar desenho com o pintor Cândido Portinari. Em 1953, ele ingressou na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), onde estudou pintura e escultura tradicionais.

No entanto, Helio logo ficou frustrado com os métodos convencionais de ensino da ENBA.

Ele preferia explorar sua própria imaginação em vez de seguir as regras rígidas da academia. Em 1955, ele abandonou os estudos na ENBA e começou a frequentar o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ).

Foi neste museu que o pintor encontrou alguns dos artistas que mais admirava: Piet Mondrian, Paul Klee e Wassily Kandinsky. Esses artistas tinham uma abordagem inovadora das artes visuais que despertou o interesse do jovem Helio Oiticica .

obra de hélio oiticica
Billie Grace Ward from New York, USA, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons

Núcleos e Bólides de Helio Oiticica

Os Núcleos e Bólides de Helio Oiticica foram criados durante a ditadura militar no Brasil, quando o artista vivia em exílio. A obra é composta por uma série de pequenos cubos de madeira pintados com cores vivas e dispostos em um quadro preto. Cada um dos cubos representa um núcleo de energia vital, enquanto os bólides são as forças que os atravessam.

Ao olhar para a obra, somos imediatamente transportados para um mundo mágico e cheio de possibilidades. É como se estivéssemos diante de um portal para outra dimensão, onde tudo é possível. Os Núcleos e Bólides nos convidam a explorar nossa imaginação e a desafiar as convenções do mundo real.

Oiticica criou a obra com o intuito de despertar nas pessoas uma consciência crítica sobre a ditadura militar que vigorava no Brasil na época. Ele acreditava que as pessoas precisavam tomar consciência da realidade social e política do país para lutar contra ela.

Através da arte, Oiticica buscava provocar uma transformação social.

Os Núcleos e Bólides são uma verdadeira experiência sensorial. As cores vibrantes chamam a atenção para si mesmas, mas também nos permitem ver o mundo sob um novo olhar.

Ao interagir com a obra, somos convidados a questionar o status quo e pensar fora da caixinha. É uma experiência única que nos faz repensar o mundo em que vivemos.

O Inventor da tropicália:

8 Curiosidades sobre o pintor:

  1. O nome “Helio” é uma referência ao astro rei, o Sol.
  2. Helio nasceu em 14 de julho de 1937, no Rio de Janeiro.
  3. Em 1954, começou a estudar arte na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA).
  4. Em 1955, conheceu o pintor amazonense Tarsila do Amaral e se apaixonou pela sua arte. A partir daí, passou a ter interesse pelas artes primitivas e populares brasileiras.
  5. Em 1957, participou da Bienal de São Paulo com uma série de desenhos chamada “Bolhas”, que misturava elementos abstratos e figurativos. A partir daí, passou a ser considerado um dos principais expoentes da pop art brasileira.
  6. Em 1960, criou as famosas “Tropicálias”, esculturas feitas de materiais diversos que simulavam paisagens tropicais brasileiras. Essas obras foram muito polêmicas na época e lhe renderam alguns problemas com a censura militar do regime militar vigente no Brasil (1964-1985).
  7. Após um período vivendo em Nova York (1967-1969), onde teve contato com o movimento hippie e experimentou drogas como LSD e ácido lisergico (LSD), voltou para o Rio de Janeiro e criou o projeto “Espaço Hiperextensão”, uma espécie de laboratório experimental onde artistas podiam realizar performances livremente. Esse projeto influenciaria diretamente a Tropicália musical, movimento que misturava música popular brasileira com elementos da cultura hippie norte-americana dos anos 1960/1970.
  8. Em 1974, criou a obra “Penetrável B_O_Y”, uma estrutura metálica em formato de caixa que possuía um buraco no meio para que as pessoas pudessem entrar dentro dela e experimentar um contato físico inusitado com outras pessoas – o que era extremamente rarefeito na época (em plena ditadura militar).

Suas obras e onde elas estão:

  1. “Bolide” (1961) – Museu de Arte Moderna de Nova York
  2. “Nova Objetividade Brasileira” (1962) – Coleção de Arte do Banco do Brasil
  3. “Metaesquema” (1964) – Galeria de Arte do MAM-Rio
  4. “Tropicália” (1967) – Tate Modern
  5. “Cosmococa – Programa in Progress” (1973-1974) – Cultural Center of the National Autonomous University of Mexico
  6. “Quasi-Cinema” (1974) – Centre Pompidou
  7. “A Partir de Segunda-Feira” (1975) – Galeria de Arte do MAM-Rio
  8. “Espaço Hélio Oiticica” ( 1976) – Galeria de Arte do MAM-Rio
  9. “Cuca’s House” (1977) – Galeria de Arte do MAM-Rio
  10. “To Organize Delirium” (1981) – Philadelphia Museum of Art

A dança e o Parangolé de Hélio Oiticica:

Desde os anos 1960, o artista plástico brasileiro Hélio Oiticica desenvolveu diversas formas de trabalhar com a dança. Em 1967, juntamente com o grupo de performance Parangolé, criou um dos seus primeiros projetos envolvendo movimento: o Parangolé das cores.

O Parangolé é uma máscara de tecido que cobre o rosto e os olhos do dançarino, limitando sua visão e forçando-o a se orientar pelo tato e pelo movimento do corpo. A máscara é feita de tecidos coloridos que podem ser combinados de diversas formas, criando um visual vibrante e alegre.

Os dançarinos usam as máscaras para se transformarem em personagens diferentes, assumindo uma personalidade própria dentro do espaço cênico. O objetivo é explorar a relação entre o corpo e o espaço através da liberdade de movimento.

O Parangolé das cores foi apresentado pela primeira vez em 1967, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Desde então, tem sido apresentado em diversos contextos e países. Em 2014, por exemplo, foi realizada uma versão site-specific da obra na Tate Modern, em Londres.

Newyorkaises e o Pintor:

Desde o início dos anos 1960, o artista brasileiro Hélio Oiticica tem sido um dos principais nomes da vanguarda latino-americana. Suas obras, carregadas de referências às culturas populares e aos movimentos políticos da época, dialogam com os grandes temas da arte moderna, como a questão da forma e do espaço.

Em 1966, Oiticica realizou uma exposição individual na Galeria Schuster, em Nova York. Na mostra, apresentou uma série de trabalhos que faziam referência à cidade americana e aos seus habitantes. Entre eles estava a obra “Newyorkaises”, composta por um painel de madeira pintado com motivos geométricos e um conjunto de objetos dispostos no chão.

Ao longo dos anos, “Newyorkaises” tornou-se um dos trabalhos mais emblemáticos de Oiticica. A obra reflete o interesse do artista pelas questões urbanas e pela vida cotidiana nas grandes metrópoles. Em seu texto “Notas sobre as Newyorkaises”, Oiticica afirmou:

“Nesta composição quis dar uma impressão geral dessa ‘multiplicidade condensada’ que é Nova York”.

Para compreendermos melhor a importância deste trabalho, precisamos contextualizá-lo no momento histórico em que foi criado.

Nos anos 1960, Nova York era o centro do mundo artístico e cultural.

A cidade abrigava as principais galerias e museus, além de ser sede de importantes movimentos artísticos, como o pop art e o minimalismo. Para muitos artistas latino-americanos, como Hélio Oiticica, Nova York representava um lugar de liberdade e possibilidades infinitas.

Projeto Labirintos Públicos e Autoteatro:

Em 1964, o artista plástico Helio Oiticica criou o projeto “Labirintos Públicos”, que consistia em quatro grandes labirintos de madeira instalados na Praça Mauá, no Rio de Janeiro. Os labirintos eram formados por um quadrado central no qual os visitantes eram convidados a se sentar, e quatro caminhos que levavam ao centro do labirinto.

O objetivo do projeto era criar um espaço de reflexão e experimentação para as pessoas, onde elas pudessem se perder e encontrar a si mesmas. Em 1967, Oiticica realizou uma versão mais ambiciosa do projeto, chamada “Autoteatro”.

Nesta versão, ele construiu sete labirintos diferentes, todos com temáticas distintas.

Os visitantes eram convidados a escolher um dos labirintos e seguir o seu próprio caminho. Cada labirinto tinha sua própria dinâmica e regras que os visitantes precisavam seguir.

Por exemplo, um dos labirintos era completamente escuro e os visitantes precisavam usar somente os seus sentidos para encontrar o caminho de saída. Outro labirinto era composto apenas de teias de aranha, o que tornava a experiência ainda mais desorientadora e assustadora.

O “Autoteatro” foi um grande sucesso entre o público e hoje é considerado um marco da arte contemporânea brasileira. Seus Labirintos Públicos são uma inspiração para artistas e designers de todo o mundo que buscam criar experiências inovadoras para as pessoas.

Hélio Oiticica no Instituto Cultural Inhotim em Brumadinho/Brasil
régine debatty, CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

Perguntas frequentes sobre o Pintor:

Quem foi Helio Oiticica?

Helio Oiticica nasceu no Rio de Janeiro em 1937. Foi um artista plástico brasileiro, considerado um dos principais nomes da arte conceitual brasileira e latino-americana. Sua obra é conhecida pelo uso de materiais inusitados, como areia, terra e corantes.

Qual a história de Helio Oiticica?

Oiticica estudou arquitetura e artes plásticas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1955, viajou para a Europa, onde conheceu o movimento neoconcretista brasileiro. Após sua volta ao Brasil, participou ativamente das discussões teóricas do movimento. Em 1960, criou o Parangolé – uma peça vestível que permitia ao performer se movimentar livremente – considerada uma das primeiras obras de arte conceitual brasileira.

De onde veio o nome “Parangolé”?

“Parangolé” é uma palavra derivada do tupi guarani que significa “manto que protege”.

Qual foi a importância do Parangolé na história da arte?

O Parangolé é considerado uma das primeiras obras de arte conceitual brasileira. A peça vestível permitia ao performer se movimentar livremente e era feita com materiais inusitados, como areia e terra.

Como Helio Oiticica influenciou a arte contemporânea?


Sua principal influência sobre os artistas contemporâneos esteve no desenvolvimento do conceito de “obra aberta”, isto é, uma obra que não pode ser apreciada somente pelos olhos, mas também pelos outros sentidos.

Em que ano Helio Oiticica morreu?


Morreu em 1980, vítima de um ataque cardíaco, aos 43 anos.

Onde estão guardadas as principais obras de Helio Oiticica?


Algumas das principais obras estão no Museum of Modern Art (MoMA) em Nova York; Tate Gallery , em Londres; Centre Pompidou , em Paris; e Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía , em Madrid.

Qual a principal diferença entre a arte conceitual e a arte abstrata?


A arte conceitual é aquela que se preocupa mais com o conceito por trás da obra do que com a sua forma ou aparência. Já a arte abstrata é aquela em que os artistas expressam seus sentimentos e idéias através de formas não-realistas ou de cores.

Quais são algumas das principais características da obra de Helio Oiticica?


As principais características da obra de Helio Oiticica são o uso de materiais inusitados, como areia, terra e corantes; a preocupação com o conceito por trás da obra; e o desenvolvimento do conceito de “obra aberta”.

Cosmococas

Desde a antiguidade, o ser humano tem buscado maneiras de expressar sua relação com o mundo. Com a chegada da era moderna, essa expressão se tornou cada vez mais abstrata, utilizando a arte como forma de representar o que não podia ser visto ou tocado.

O artista brasileiro Helio Oiticica foi um dos primeiros a explorar esse novo território da arte, criando as famosas Cosmococas.

As Cosmococas são peças tridimensionais feitas de materiais simples, como papel e madeira. Elas foram criadas para serem manipuladas pelo público, permitindo que as pessoas experimentassem de forma concreta as ideias abstratas que Oiticica queria transmitir.

As peças têm formas geométricas simples e cores vibrantes, que contrastam com o mundo complexo e caótico que elas representam.

A principal inspiração para as Cosmococas foi a filosofia do escritor francês Henri Lefebvre, que afirmava que o ser humano é um produto do espaço em que vive. Para Oiticica, isso significava que a arte não precisava mais imitar a realidade; ela poderia ser uma experiência concreta do mundo interior do artista. As Cosmococas permitem que o público experimente essa filosofia de forma lúdica e interativa.

Atualmente, as Cosmococas estão em exposições em museus de todo o mundo e continuam sendo um exemplo inovador da arte contemporânea brasileira.

Fontes:

  1. Chagas, Mônica. “Oiticica: A Body in Places.” October, Vol. 97 (Summer, 2001), pp. 51-64.
  2. Costa, João Luiz Wagner. “Aesthetics of the Instant: Hélio Oiticica’s Parangolés and the Question of Time.” Third Text, Vol. 12, No. 1 (Winter 1998), pp. 5-18.
  3. Foster, Hal et al., eds.. The Anti-Aesthetic: Essays on Postmodern Culture (Port Townsend, WA: Bay Press, 1983), pp. 115-131.
  4. 4 .Getlein, Mark and Rita Gilbert .Living with Art , 8th edition (New York: McGraw Hill Companies Inc., 2009), pp 354-357
  5. 5 .Krauss, Rosalind E. Passages in Modern Sculpture (Cambridge MA: MIT Press 1981), pp 184-187

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