Quer saber mais sobre o famoso quadro O Almoço dos Barqueiros? Nós do Arte DIY fizemos uma análise completa para você. Confira a seguir.
Imagine que você está sentado com seus amigos em um momento super descontraído, rindo e se divertindo em um restaurante próximo a um rio em um ambiente bastante fresco e de leve atmosfera.
Renoir retratava com leveza cenas cotidianas como essa descrita acima e transparecia a luz no ambiente, trazendo alegria para a obra e, para quem visualizasse.
O Almoço dos Barqueiros é uma obra de transição da técnica de pintura do artista, quando saiu do impressionismo para retratar figuras mais sólidas e com poucos elementos naturais.
Como uma obra tão famosa, divide opiniões quanto à beleza, mas, certamente, é uma pintura profunda que fornece diversas informações importantes sobre comportamentos da época.
Veja nossa análise detalhada da obra e se apaixone ainda mais pela pintura.
Conteúdo deste artigo:
O Almoço dos Remadores: Características
O Almoço dos Remadores, também pesquisado e conhecido como O Almoço dos Barqueiros, é uma obra com inspiração no impressionismo de estética colorida, alegre e vibrante.
Só de olhar, você já se encantará. É uma obra incrível até mesmo para quem não entende de arte
A temática é uma ação cotidiana, amigos se encontram em um restaurante às margens do Rio Sena para comer.
Esse era um dos locais preferidos dos parisienses como alternativa aos domingos, para quem queria se divertir fora de casa. Realmente um dos lugares mais festivos da França.
As cores vibrantes e felizes que retratavam um ato cotidiano que costumava ocorrer durante o dia era comum nesse estilo de obra, o impressionismo.
Os detalhes eram feitos com mais pressa, já que tinham a intenção de captar o momento em que era feita.
Mas, não se engane, essas obras eram muito mais profundas que entregavam, principalmente na época em que foram expostas, quando mal compreendidas, foram ignoradas pelo aspecto borrado.
Uma Obra do Impressionismo
O estilo do autor se baseia em técnicas do impressionismo. Uma de suas características principais era pintar ao ar livre na tentativa de “aprisionar” o sol na tela.
Por isso, suas obras retratavam momentos cotidianos que ocorriam durante o dia.
Esse é um dos motivos pelos quais ficou conhecido como um dos pintores da luz. Pintores que usavam essa técnica, viajavam em busca de cenas perfeitas para retratar na tela.
O fato de o sol de mover constantemente, fazia necessário pintar um momento preciso de modo a captar a melhor hora do dia. Eram obras muito prática, não havia tempo para preparar as tintas com cuidado.
Se você acha que O Almoço dos Barqueiros tem aspecto borrado e está mal pintado, não se preocupe, você não é o único (a).
Mas, saiba que esse aspecto era comum em telas impressionistas, já que funcionava como um trabalho livre e, apressado. Sem tempo para muito preparo, os pintores não se preocupavam em expor linhas precisas de definição.
A sensação era realmente de uma imagem borrada e impressa com má qualidade.
Essas telas costumavam ser pequenas e fáceis de carregar, já que o artista precisaria levá-la para vários lugares em busca da imagem perfeita para retratar na obra.
As cenas do cotidiano eram as preferidas e a captação da luz era o foco. Pintar o sol e atmosfera das estações do ano é muito difícil, mas, era feito com o máximo de precisão possível.
Os artistas impressionistas eram ousados e buscavam inovar no meio artístico, já que suas novas técnicas chocaram em meio a um contexto de uso constante da fotografia.
Estilo das obras
Renoir buscava retratar uma grande quantidade de pessoas comparado a outros pintores impressionistas.
E, apesar da estética borrada das pinturas, suas obras são profundas e dão origem a diversas interpretações. Afinal, um encontro de pessoas nunca é algo raso.
Diversos comportamentos eram vistos e detalhes podem ser notados, como as pinceladas precisas, copas de árvores trepidadas devido ao vento. Os elementos naturais ganhavam vida.
Renoir também usava uma paleta de cores vasta e um novo modo de pintura: a pintura solta e modernizada.
Sobre O Almoço dos Barqueiros
O local que a obra retrata, era conhecido por ser visitado por mulheres em busca de parceiros, por isso, muitas mulheres frequentavam o ambiente com esse intuito, principalmente em dias festivos e movimentados.
Essa pintura em questão, foi iniciada no verão de 1880, quando o autor estava em transição na forma como retratava modelos e paisagens nas suas obras.
Aqui, temos uma pintura em painel extenso e feita com muito planejamento, ao contrário das pinturas do impressionismo, por isso, é sua obra de transição.
Renoir estruturou o quadro tendo como inspiração grandes pintores do passado, ainda que de outras linhas artísticas.
Os personagens são bem distribuídos na tela, além de bem alinhados para conduzir nosso olhar para a profundidade da obra que se finaliza ao fundo.
Uma cena principal é escolhida para o primeiro plano onde indivíduos interagem e dialogam. Personagens melhor definidos e mais concretos.
Ao fundo, outras pessoas estão interagindo entre si, mas, são retratadas com menos detalhes, ainda que captando o momento instantâneo da luz.
A obra tem um significado importante na carreira de Renoir, pois simboliza sua transição em estilo de pintura, quando as pessoas são melhores definidas através da pintura e os cenários deixados em segundo plano.
Fora meses até a conclusão desse trabalho. Uma parte foi feita no ambiente e, outros detalhes foram finalizados no seu ateliê.
Renoir quis retratar no Almoço dos Barqueiros um momento descontraído entre amigos que era comum como opção de lazer para quem gostava interagir socialmente.
O autor era adepto de obras assim, pois, acreditava que não havia necessidade de pintar sobre as mazelas do mundo e sim, sobre a alegria e festividade da vida.
O Almoço dos Remadores: Um retrato comportamental da época
Renoir era um profundo observador e amava estar rodeado de pessoas, sua vida envolveu suas obras até o fim de sua vida quando não conseguia segurar corretamente o pincel devido à idade avançada.
Como observador, de modo a retratar ações cotidianas em suas obras, seus quadros dizem muito sobre o comportamento da época e os costumes de quem visitava o local retratado.
Apenas dois indivíduos no quadro estão vestidos como remadores, enquanto os demais, são parisienses comuns, vestidos como demandava a época.
As vestes dos personagens entregam a classe social de cada um.
As mulheres usam chapéu que, além de elegância, transparecia bom comportamento ao cobrir os cabelos.
Os homens também usam chapéu, apesar de cada um com seu estilo, dizia muito sobre suas classes sociais.
O proprietário do estabelecimento tinha muitos fregueses diariamente. Era um locam bem frequentado, pois, além do restaurante, eram alugados canoas para competições e barcos de passeios.
Perceba que os pratos não estão na mesa, já foram recolhidos. Esse fator indica que já não era mais hora do almoço. Os indivíduos tomavam vinho e comiam frutas.
A iluminação é uma das características principais do autor, ainda que tenha pintado um toldo, quis refletir a luz do sol.
Se você olhar bem, também verá pessoas se banhando na água, apesar de pintadas como pequenos pontos pouco visíveis e sem forma definida.
Além disso, o brilho do sol ilumina pontos específicos de cada personagem retratado na obra.
A mesa está em primeiro plano refletindo a luz, o pano branco potencializa essa característica de pinturas impressionistas.
A cena transparece luminosidade, vibração cromática e o colorido feito com uma vasta paleta de cores.
O Almoço dos Barqueiros é considerada uma obra mestra de Renoir.
Quem são os personagens na obra
Barão Raoul Barbier
O homem de costas vestido em terno marrom é o Barão Raoul Barbier, sugeria que o autor desejava retratar seus amigos. Perceba que esse indivíduo é posicionado bem ao centro.
O barão era um homem influente que tinha bom poder aquisitivo e comprava telas dos impressionistas, além disso, era amigo íntimo de Renoir. O que explica sua posição na pintura.
Raoul Barbier foi importante como incentivo aos impressionistas que, pouco valorizados, eram pobres e vendiam suas obras por baixo custo.
Era comum que as obras fossem trocadas por alimento. Por muito tempo, almoços fartos eram possíveis apenas quando retratados nas suas pinturas.
Os amigos próximos costumavam posar para os impressionistas, já que pagar uma modelo significava 7 ou 8 refeições semanais.
Rapaz fumando charuto
Ao fundo, é possível ver um rapaz usando roupas marrons e fumando charuto. Esse era o filho do proprietário do estabelecimento retratado na obra.
O proprietário, em determinado momento, propôs a Renoir que deixasse alguns de seus quadros como pagamento de refeições para ele e seus amigos.
O Burguês
Ao lado do filho do proprietário está um homem. Consegue ver?
O homem do charuto, retratado no Almoço dos Barqueiros, conversa de pé com um burguês da época e é possível identificar sua posição social pelas suas vestes.
A cartola e seu terno transparece sua alto poder aquisitivo. Esse era Charles Ephussi, um banqueiro colecionador de arte que, nessa década, iniciou sua coleção de obras impressionistas.
Alfhonsine
Consegue identificar a moça debruçada no corrimão da escada?
Essa senhorita era Alfhonsine, filha do proprietário do estabelecimento, homem este que está apoiado no corrimão, usando chapéu de palha e olhando para a frente.
Sua filha conversa com ninguém menos que o Barão Raoul Barbier.
O proprietário
Perceba que a família proprietária é posicionada e pé ou debruçada, estão em evidência e alinhados na pintura.
O proprietário é retratado com uma regata de remador, chapéu de palha com fita azul e mostra seu braço forte e peitoral avantajado.
O outro remador
Mais um personagem que está vestido de remador é localizado no canto direito do quadro conversando com uma moça.
Esse homem, Gustave Caillebotte, foi pintor, colecionador de arte e dono de uma empresa de barcos. Foi fundamental no incentivo aos impressionistas para que não desistissem do seu estilo artístico.
O trio à direita
O trio de pessoas pintado à direita do quadro abrange o remador, que ouve a conversa de outras duas pessoas.
Esses dois outros personagens são o jornalista Maggiolo, que escrevia sobre os impressionistas e, a atriz Allen André que, foi por muito tempo uma das modelos de Renoir.
Mulher ingerindo bebida
Mais ao fundo você poderá identificando uma mulher bebendo algo em um copo.
Seu olhar indica que sua mente não está presente no momento, na verdade, revela que está distante enquanto um jovem a contempla com paixão.
Era comum que posasse para alguns artistas e nesse local onde foi retratada sua vida mudou ao conhecer um rapaz que a pediu em casamento e lhe tirou da vida de prostituição.
Trio ao fundo da tela
Esse outro trio é formado por Lestringeuez, um amigo próximo de Renoir adepto ao ocultismo e hipnotismo, que olha fixamente para uma moça à sua frente, a atriz Jeanne Samary.
A atriz cobre os ouvidos com as mãos, como quem sinaliza que não quer conversar com Lestringuez para evitar suas palavras sedutora.
Ao lado da atriz, também usando chapéu de palha com fita vermelha, está Paul Lhote, pintor naturalista e impressionista, que a está seduzindo, colocando em evidência sua fama de mulherengo.
Mulher com cachorro
A mulher à esquerda usando um chapéu e brincando com seu cachorro teria um enorme significado na vida de Renoir.
Alline Charigot se tornaria sua namorada e se casaria com Renoir um ano após finalizado O Almoço dos Barqueiros, proporcionando felicidade e dedicação ao artista.
O casamento foi surpresa, já que Renoir foi retratado como um homem que não teria nascido para casar segundo relatos de suas modelos.
Ela é retratada bem vestida no quadro, sua profissão em Paris era a da costura, se tornou costureira após se mudar do interior, quando buscou um círculo de amizades.
Pierre August Renoir: O Menino Prodígio
Pierre August Renoir nasceu em Limonges, em 25 de fevereiro de 1841. Filho de alfaiate, mudou-se para Paris em busca de uma vida mais confortável e ascensão no meio artístico.
Renoir mostrou talento para a pintura desde criança, mas, o sua vocação para o canto foi notado com maior atenção em sua juventude, chegando a ser mestre de coro na Igreja de ST Roch.
Estudou arte, mas, seus trabalhos não eram valorizados, o que o fazia passar por momentos de dificuldade financeira e alimentícia.
Um fato curioso que ocorreu em sua vida foi ser confundido com um espião enquanto pintava às margens do rio Sena. Quando ia ser jogado no rio, um homem se pronunciou o reconhecendo.
Em 1892, Renoir desenvolveu artrite reumatoide e mudou-se para uma localidade de clima mais quente.
Com o passar do tempo, suas mãos ficaram deformadas e o forçaram a mudar seu estilo de pintura, nos seus anos finais, um assistente precisava colocar o pincel em sua mão.
O artista faleceu em 3 de dezembro de 1919.
Outras obras do mesmo pintor
- The Theater Box;
- The Swing;
- Dança no Le Moulin de la Galette;
- Retrato de Iréne Cahen
- Duas irmãs;
- Garotas no Piano.
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