A genialidade, ousadia e a importância de Vincent Van Gogh para a história da arte é algo que qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento artístico já conhece.
Seus quadros são detentores de uma beleza singular e são capazes, não só de transmitir sensações diversas ao espectador, mas também de contar a história do artista, pois cada um dos quadros tem história e significado.
Van Gogh era extremamente cuidadoso e dedicado à sua arte. Seus trabalhos era fruto de estudos profundos e de muito empenho. E embora tenha vendido apenas um de seus quadros em vida, estima-se que o artista tenha produzido quase 900 quadros.
Pensando nisso, aqui temos aqui no Arte DiY hoje uma seleção dos 20 quadros mais famoso de Vincent Van Gogh e um pouco sobre cada um deles.
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Noite Estrelada (1889)
O quadro Noite Estrelada foi pintado por Van Gogh durante sua internação voluntária no hospital Saint Paul de Mausole, em Saint Rémy de Provence, uma comuna francesa onde ele morava, depois de seu surto psicótico mais famoso, no qual arrancou parte de sua própria orelha.
A paisagem retratada no quadro é a da vista da janela do quarto em que o pintor dormia o sanatório, durante o nascer do sol.
Ele não podia ter acesso a telas, pincéis e tintas dentro do quarto, mas ele tinha papel e carvão, e isso foi o suficiente para o esboço que vivaria uma das obras mais importantes e famosas do mundo até hoje.
Lírios (1889)
Estando até os dias de hoje na lista dos quadros mais caros já vendidos e sendo o quadro mais caro já vendido até o ano de 1987, tendo custado um valor que convertido para atualmente gira em torno dos 102,3 milhões, Lírios ou Irises, é uma paisagem pintada por Van Gogh do jardim do hospital psiquiátrico.
Ele não tinha permissão para andar na área externa sozinho, mas quando podia sair acompanhado, Van Gogh memorizava bem o que via para reproduzir na tela posteriormente. E assim foi feito com este quadro. Essa é um exemplo de meio termo entre paisagem e natureza morta.
Van Gogh dedicou um certo tempo ao trabalho e o estudo feito com os lírios, que originou a série de quadros conhecida como Lírios de Van Gogh.
Autorretrato do artista sem barba (1889)
Vincent Van Gogh pintou cerca de 35 autorretratos ao longo da vida, e talvez isso seja o que nos aproxime mais dele, por conter uma certa identidade do artista em cada um deles.
É possível que esse seja o último autorretrato pintado por ele. Van Gogh chega até a citar a pintura em uma carta que escreveu para a mãe, durante sua internação. Cita o quadro juntamente com seus estudos de paisagens.
Ele diz para sua mãe na carta, que embora tenha conhecido Paris, Londres e tantos outros lugares, ele ainda parece um simples camponês.
Autorretrato com orelha cortada (1889)
O artista fazia muitos estudos para produzir suas telas. Ele era muito cuidadoso e minucioso em suas obras e empregava os estudos realizados nelas.
Em janeiro de 1989, Van Gogh citou o quadro “Autorretrato com orelha cortada” em uma carta que escreveu para o irmão. Nela ele agradece o dinheiro que o irmão enviou, presta conta das despesas e fala sobre seus trabalhos.
Ele, claramente ainda perturbado com episódio que ocasionou o corte da orelha, fala sobre três estudos que ele já havia feito, mais um retrato de um outro homem e esse autorretrato seu sem a orelha.
Os comedores de batata (1885)
Esse quadro é inegavelmente diferente de outras obras de Van Gogh. “Os comedores de batata” foi pintado em 1885, e marca a fase chamada a primeira fase de Van Gogh, a fase holandesa.
Ele está atualmente exposto no museu de Vincent Van Gogh.
No quadro, a cena retratada faz referência a um período de extrema fome que acometeu a Irlanda no período de 1945 a 1948.
A precarização do lugar habitado, a iluminação ruim, as expressões vazias de tristeza e, obviamente, fome representam muito bem a situação do proletariado naquele momento.
Esse quadro não só é um dos quadros mais importantes de Van Gogh, quanto da história da arte no geral.
12 girassóis numa jarra (1889)
Assim como pintou uma série de lírios, Van Gogh pintou uma série de quadros de girassóis. E o mais famoso deles é esse, “12 girassóis numa jarra”.
Quem conhece Van Gogh, sua história e seu trabalho, sabe de que forma a cor amarela é icônica e característica do pintor. E é óbvio que já é de se esperar que em uma pintura de girassóis, a cor amarela esteja presente. Mas nessa aqui, ela aparece não só nas fores, mas no resto da pintura, o que a torna quase que monocromática.
Mas isso não a deixa monótona ou saturada. É agradável com a cor amarela é colocada aqui.
No dia 14 de outubro de 2022, ativistas ambientas, em protesto, jogaram sopa de tomate no quadro “12 girassóis numa jarra”, que está exposto atualmente em Londres. Felizmente o quando é revestido com uma fina camada de plástico justamente para a sua proteção. Sendo assim, nenhum dano foi causado à obra.
A Cadeira de Van Gogh Com Cachimbo (1888)
À primeira vista, o quadro de uma simples cadeira rústica nos parece apenas uma natureza morta. Esse tipo de imagem poderia ter sido criado em um lugar tranquilo e sem nada simbólico. Ela foi pintada apena algumas semanas antes do colapso que o fez cortar a orelha.
Animado com a chegada de Gauguin em Arles e com sua ideia de transformar “A Casa Amarela” em uma colônia para artistas, ele começou a comprar móveis para a casa e pintar freneticamente.
Van Gogh pintou esse quadro de sua cadeira e o quadro da cadeira de Gauguin (quadro mostrado abaixo), em dezembro de 1888, quando parecia evidente que seu amigo e hóspede ia embora. Isso provavelmente seria uma forma de tentar convencer Gauguin a ficar.
A cadeira de Gauguin (1888)
A amizade de Van Gogh e Paul Gauguin, a pesar de breve, foi muito intensa. Eles eram extremamente diferentes um do outro, mas tinham em comum o ingresso tardio na vida artística.
Foi Gauguin que Van Gogh queria que assumisse a liderança da colônia de artistas que ele desejava formar na famosa “Casa Amarela”. Entretanto, Gauguin se recusou, o que enfureceu Vincent e fez com que ele agredisse o amigo e ameaçasse sua vida, sedo aquela a última vez q se viram.
Foi logo após isso, que tomado por arrependimento e ainda em surto, Van Gogh arrancou parte de sua orelha.
Autorretrato (1889)
Vincent Van Gogh, assim como Frida Kahlo, pintou diversos autorretratos ao longo de sua vida artística. Como já falado aqui, são cerca de 35 deles pintados por ele. Um dos motivos principais, também já falado acima, era a falta de dinheiro do artista para pagar modelos, para que ele realizasse estudos de cores, formas e técnicas.
Mas além dos fatores que o levavam a ter que pintar a si mesmo, é interessante observar que o mais próximo que chegamos de conhecer Van Gogh é por seus quadros de autorretratos. Se acompanharmos a história dele em uma linha cronológica paralela aos seus retratos de si próprio, como assim ele os chamava, é possível compreender seu estado mental em cada um deles.
Esse acima por exemplo, o foi o primeiro quadro que ele pintou depois de passar 5 semanas se recuperando de uma crise epilética que abalou profundamente o seu emocional, durante sua internação no sanatório.
Quarto em Arles (1888)
Esse quadro retrata o quarto de Van Gogh na Casa Amarela, em Arles. A Casa Amarela é a casa mais famosa que o pintor habitou, dentre as outras 37 casas por onde ele passou.
Existem 3 versões desse quarto tão famoso. Uma está no Museu Van Gogh, em Amsterdã, outra está no Instituto de Artes de Chicago, nos Estados Unidos e uma outra no Museu de Orsay, em Paris.
Outro fato interessante é que os objetos contidos na pintura são apresentados em pares: duas cadeiras, dois travesseiros, dois quadros, duas portas, duas jarras de água etc. Por que será?
O Carteiro: Joseph Roulin (1888)
Com sua ida para a França, Van Gogh deu uma mudada em seu estilo de pintura. Suas técnicas e até as cores passarem a ser diferentes, pois ele passou a ver a arte não mais como um instrumento social, mas como um agente da transformação da sociedade.
Aqui nós vemos como ele enfrenta a realidade nessa nova fase, pintando um retrato de um carteiro, o Joseph Roulin. Dá para ver que se trata de um carteiro, pelas suas vestimentas: uniforme azul-turquesa e a inscrição em seu boné.
Diferentemente de sua fase crítica e engajada socialmente, essa aqui não se preocupa em retratar o carteiro por ser um carteiro, tampouco tem um fundo crítico. Aqui a beleza do quadro é que nos chama a atenção. Suas cores, seus traços. É uma realidade que não julga nem comenta.
Terraço do café na praça do fórum (1888)
Esse quadro também foi citado em carta para o irmão, que Van Gogh escreveu. Nela ele descreve a paisagem contida na tela, dando detalhes minuciosos da vista.
Falando de forma técnica, essa obra é assimétrica. Mas isso, obviamente, não a torna menos bonita ou “errada”, é apenas uma característica. Ela tem também três planos: o de fundo, o intermediário e o primeiro plano.
Este é um retrato de boemia francesa. Por ele estar vivendo lá nesse período, é difícil desassociar a sua figura desse momento histórico. Mas falando sobre o sentimento causado no espectador, a obra, com sua representação boêmia, causa no espectador uma vontade de estar ali.
Vaso com lírios contra um fundo amarelo (1890)
Esse quadro é um bom retrato de como Van Gogh explorava as cores azul e amarelo.
O amarelo era de fato a sua cor favorita. Dá para perceber isso, se levarmos em consideração o nome da famosa “Casa Amarela”. Mas esta cor nem sempre foi presente em sua obra. Basta dar uma olhada no quadro “Os Comedores de Batata”.
Ao se mudar para o mediterrâneo, ele se deparou com o verão e a luz solar tão viva, com a qual ele não havia tido contato sua vida inteira. Isso para ele era uma representação divina. Esse amarelo vivo do sol representava para ele algo espiritual e uma benção divina, e explorou isso em seus quadros.
No círculo cromático, o amarelo e o azul são cores opostas, sendo uma a mais quente que existe e a outra a mais fria que existe. Quando estão juntas, as duas cores ressaltam uma a outra.
E simbolicamente, o amarelo representa o calor francês e o azul representava as tormentas do seu espírito atormentado.
Campo de trigo com corvos (1890)
Essa pintura foi produzida durante um longo tempo, mas foi concluída apenas algumas semanas antes de sua morte, em 1890. Ele a terminou em uma pequena cidade do interior da França, chama Auvers Sur Oise.
Durante sua estadia lá, Van Gogh explorou bastante a pintura de paisagens na natureza, a paisagem de campos. E essa é sem dúvida a mais famosa, pois acredita-se que essa foi a pintura que previu a sua morte, que ali ele estava dando indícios de que iria tirar a própria vida.
Existe uma história sobre esse ter sido o último quadro pintado pelo artista, mas o Museu de Van Gogh, que é onde o quadro está exposto hoje em dia, afirma que este é apenas um mito, e que ele de fato produziu outros quadros após esse.
Homem velho com a cabeça em suas mãos (1890)
Assim como quase todos os quadros pintados por Van Gogh na reta final de sua vida, esse aqui representa fielmente seu estado mental. É nítido como a figura pintada em “homem velho com a cabeça em suas mãos” é uma clara representação de si próprio.
O quadro foi pintado em sua estadia em Auvers Sur Oise, quando estava sob os cuidados do Dr. Paul Gachet. Nesse período, podemos notar, mesmo recebendo tratamento do dr. e suporte financeiro de seu irmão, ainda assim, o se sentia infeliz e miserável.
As cores neutras ao fundo trazem destaque ao homem em primeiro plano, que tem sua roupa com a cor mais chamativa do quadro propositalmente para chamar atenção, mas além disso, a cor destacada é o azul. Cor está que representa o frio e a tristeza.
A árvore de pêssego rosa (1888)
O quadro “A árvore de pêssego rosa” também está no Museu Van Gogh e foi pintada em 1888, durante sua estadia em Arles.
Não há um consenso de onde exatamente é essa árvore, mas independente disso, novamente Vincent Van Gogh transmite sentimentos e seu estado de espírito na pintura, através das cores.
A cor azul aparece aqui novamente nos transmitindo o sentimento de tristeza. A sensação de melancolia vem ainda mais forte nesse quadro, graças a presença da cor branca. A tonalidade de azul também está mais fria aqui, o que reforça a melancolia da obra.
Vista de Arles com lírios (1888)
“Vista de Arles com lírios” foi pintado por Van Gogh durante sua internação no sanatório Saint Paul de Mausole, em Saint Rémy de Provance.
Ele mostra a vista do jardim do lugar, quando ele tinha permissão para sair acompanhado. Entretanto, não era possível ver a cidade de onde ele estava. Isso nos leva a deduzir que a vista de Arles que Van Gogh retrata é inserida ali a partir de suas lembranças.
Uma curiosidade interessante é que o hospital psiquiátrico em que o pintor pediu para que seu irmão o internasse existe até hoje.
Autorretrato com chapéu de palha (1887)
Por falta de dinheiro para pagar modelos, Van Gogh fazia retratos de si próprio para estudar e praticar. Ele diz em uma carta para o irmão, que se ele conseguisse pintar corretamente sua cabeça, conseguiria pintar corretamente a cabeça de outras pessoas.
A maioria de seus autorretratos foi pintada entre 1886 e 1888, época em que ele morava em paris. E isso explica muito bem a falta de dinheiro para pagar modelos e usar a sua própria imagem para tal.
Aqui ele se retrata sério, usando um chapéu de palha e com a barba por fazer. E as pinceladas fortes são bem evidentes.
A vinha encarnada (1889)
Ao longo de toda a sua vida e de toda a sua carreira artística, Van Gogh vendeu apenas um quadro. Todos os outros quadros pintados, ou eram dados de presente ou eram guardados.
A obra “A vinha encarnada” foi justamente essa única obra vendida pelo pintor.
A pintura foi vendida para uma pintora belga chamada Anna Boch em uma exposição em Bruxelas, capital da Bélgica, em 1890, por 400 francos belgas, o que atualmente seria em torno de 1.050 dólares americanos.
Amendoeira em flor (1890)
Essa obra lindíssima tem um simbolismo e uma história especial por trás. O quadro “Amendoeira em flor” é frequentemente reproduzido. A obra original, feita por Van Gogh, é relativamente pequena, com cerca de 75 cm x 92 cm.
Novamente a cor azul tem grande destaque na obra de Van Gogh, entretanto, mesmo sendo um quadro de aparência fria, a delicadeza dos galhos e mais ainda das flores, faz com que a sensação transmitida ao espectador, ainda que melancólica, não seja triste.
Isso porque a intenção do quadro realmente não é essa, pois o artista pintou esse quadro para representar a vida, quando recebeu a notícia de que seu sobrinho, filho do seu irmão mais novo, Theo, havia nascido.
Um pouco mais sobre Van Gogh
Importância de Arles para Van Gogh
Foi em Arles que o pintor Van Gogh teve o seu maior despertar artístico. Ele ficou encantado com o mediterrâneo. Com o calor, a luz e as paisagens, e isso refletiu diretamente em sua arte.
Foi na França que ele teve contato com outros artistas do movimento pós-impressionista e era em Arles que ele queria montar uma colônia de artistas.
Lá foram pintados vários de seus quadros mais famosos e lá aconteceram os fatos mais emblemáticos de sua história.
Como Van Gogh se tornou pintor
Van Gogh não estudou convencionalmente para ser pintor. Sendo filho de pastor, ele teve uma educação muito religiosa e levou isso para a vida. Ele era extremamente religioso. Tanto que beirava o fanatismo, chegando até a ser missionário.
Ele se tornou pintor através de seu irmão, que o levou para trabalhar com arte após a sua volta da Inglaterra, depois de seus planos de pregar lá terem sido frustrados. Theo aconselhou que Van Gogh pintasse, pois isso poderia ajudá-lo a encontrar sua tão buscada missão na terra.
Entretanto, sua arte não era reconhecida e admirada como é hoje. Van Gogh vendeu apenas um quadro em vida, com a ajuda de seu irmão mais novo, que era quem financiava a vida profissional e pessoal dele.
Morte
Vincent sofre durante toda a sua vida com problemas psiquiátricos que o atormentavam. Um deles era uma profunda depressão que o tomava com o um sentimento de imensa angústia.
Com a piora de seu estado mental, o artista morreu após disparar contra o próprio peito com uma arma. Entretanto, sua morte no aconteceu de imediato, ela veio a ocorrer apenas dois dias depois, em decorrência dos ferimentos causados pelo disparo.
Seu corpo foi enterrado na cidade de Auvers Sur Oise, no interior da França, onde cometeu o suicídio. A cidade tem cerca de 7 mil habitantes e fica à 30 km de Paris. Seu túmulo ainda está lá e é ponto turístico na cidade.
E aí, gostou? Qual dos quadros é o seu preferido?